“O
drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade.
As redes sociais dão direito à palavra a uma legião de imbecis, que antes
falavam em uma mesa de bar, depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a
coletividade.” Umberto
Eco
Vivemos
tempos bicudos. Tempos em que a intolerância, a irracionalidade pautam nosso
dia-a-dia, muitas vezes dividindo, separando famílias, dando fim à amizades.
Uma
preocupação que eu tinha nos anos 80 parece querer voltar: o receio de vestir
vermelho e ser ofendido ou agredido por isso e, ainda por cima, ver o
agressor considerar-se dono da razão,
justificando a agressão pela cor da minha roupa.
Até
onde iremos? Será que a irracionalidade venceu?
Soma-se
a isso o fato de termos um processo de infantilização do discurso político.
Senão, vejamos: quando estudamos as primeiras décadas da história republicana brasileira,
temos conceitos como Estado Novo, Tenentismo; em períodos subsequentes,
Nacional-Desenvolvimentismo, Legalidade.
A
própria oposição aos governos descendentes de Vargas parecia mais inteligente
que a atual, com mais estofo intelectual; tinha-se, como referência, Carlos
Lacerda e seus discursos contra Vargas e seus sucessores. Os argumentos, de um
lado e de outro, possuíam quilate muito superior ao atual.
Atualmente,
como que para reduzir, simplificar os discursos não temos a explicação e tudo
resume-se à expressões como “mensalão”, “petrolão”, “coxinha”, “petralha”,
entre outras.
Estamos
em um período que, como disse no início, criticam-se pessoas pela cor da roupa,
da bicicleta, persegue-se o outro por seu posicionamento político e, não menos
trágico mas, finalmente, elaboram-se discursos a partir de expressões vazias.
Parece
que aquele famoso comentário de William Bonner, caracterizando o brasileiro
médio como “Hommer Simpson”, estava certo.
Será? Espero que não!
Ulisses B. dos Santos - @prof_colorado
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