Depois
de muito tempo assistindo as discussões dos vários governos e professores sobre
melhorias para educação, os alunos parecem ter assumido o protagonismo na luta
pela educação no Brasil de uma forma nova: as ocupações de escolas.
Quando
esta ação surgiu nas escolas públicas de São Paulo, no ano de 2015, tirando o
sono do governo daquele estado, a pergunta que ficava era: Quando este
movimento chegará ao RS? Pois chegou.
Entre
as tantas escolas ocupadas parcial ou totalmente, dizem que hoje são 130,
visitei duas em Porto Alegre: o Colégio Dom Diogo de Souza, na tarde de segunda-feira,23,
e a Escola Florinda Tubino Sampaio na tarde de hoje.
No
Colégio Dom Diogo de Souza, a ocupação foi decidida na quinta-feira, 19, mas
iniciou-se no dia seguinte. Da mesma forma que na maioria das escolas em que se
tem notícia, os alunos contam com apoio da comunidade, com doações que vão
desde galões de água, produtos alimentícios, de limpeza bem como colchonetes e
cobertores. Salas de aula são improvisadas como alojamentos e, em média, nas
escolas visitadas, tem-se um grupo de 20 alunos dormindo nas dependências da
escola.
A
pauta de reivindicações é muito semelhante, de escola para escola, apesar de
não haver uma direção geral das ocupações: contra os PL 44/2016 e PL190/2015,
por melhorias nas estruturas das escolas, por mais segurança no entorno das
escolas, além da luta por mais funcionários e professores nas escolas.
Tanto
no Dom Diogo quanto no Florinda Tubino Sampaio houve um acordo entre os alunos
participantes da ocupação de que as turmas de ensino fundamental não tivessem
sua rotina de aulas interrompida. “Nós entendemos
que os pais dos alunos do fundamental precisam da escola pois muitas vezes não
teriam onde deixa-los”, pondera Lucas,17, do Tubino, “Entramos em acordo com a direção para que os alunos do fundamental
tivessem aula normal e explicamos pra eles que essa luta é também pelo futuro
deles”, afirma Bárbara, 17, Dom Diogo. “O
[ensino] fundamental tá livre, da primeira a quarta série.”, esclarece
Júlia, 18, também do Dom Diogo.
O
que impressiona a quem visita uma ocupação é a organização dos alunos: no Dom
Diogo de Souza, eles têm tiras coloridas nos braços que determinam a atividade
de cada um: são definidos responsáveis por áreas desde a alimentação até mídias.
As opiniões sobre o
movimento são as mais diversas do discurso da partidarização até comentários
dando conta de atitudes violentas. Discurso prontamente rechaçado pelos membros
das ocupações. “É uma movimentação
exclusiva dos alunos”, afirma Carlos Natan, 21, do Dom Diogo de Souza.
A
rotinas das ocupações é mantida com a realização de debates, oficinas ou mesmo
shows com bandas convidadas.
Se,
num primeiro momento, foi buscada a ocupação das escolas, agora cabe aos alunos
manter o movimento em ação.
PL
44/2016
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PL190/2015
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O
Poder Executivo concede para Organizações Sociais* entidades que até agora
pertencem ao Estado em campos como ensino, pesquisa científica e
desenvolvimento tecnológico, entre outros.
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De
autoria do deputado Van Hatten, caracteriza a educação nas escolas públicas
como “doutrinação” e institui o “Programa Escola sem Partido.”
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Ulisses B. dos Santos
@prof_colorado
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